Não queria nada extraordinário na vida. Um amor simples, acordar ao lado dela, sentir o perfume do seu corpo enquanto se vira na cama. Desfrutar de cafés da manhã de pé encostada na pia com hora contada para entrar no trabalho, mas sem jamais abrir mão de ficar na cama até mais tarde no domingo e tomar aquele café meio almoço esparramada pela sala de pijama.
Não tinha tantas ambições de felicidade, uma rotina comum bastava, porque, aos poucos descobriu que a vida é feita de coisas comuns, de momentos corriqueiros em que se arranca sorrisos fáceis, em que um pôr do sol compartilhado tem mais sentido do que programar a viagem dos sonhos. Tudo o que está à mão ganha uma acuidade forte, é preciso que não se desperdice nenhuma gota do hoje. Sorrisos, cabelos despenteados, mãos dadas, risadas escandalosas, beijos imorais e apertados. Tudo o que tem valor já estava à mão, ela percebeu e sorriu.