Fraco x Forte

Eu sou fraca. Choro, sou sensível a influências externas e para piorar, tenho crises de ansiedade que me fazem enxergar as coisas muito macros, chupadas no zoom até desfocar e é bem tenso sabe? Quando a ansiedade vem com força, o meu pensamento parece um carro com direção desalinhada, sabe ? Você puxa o volante e o carro volta, é um inferno, as coisas ficam dentro de você como em um looping. O que eu faço para melhorar? Terapia, banho quente a qualquer hora do dia ou da madrugada, caminhar e tentar desviar o pensamento. Consigo sempre? Não. Mas não desisto.

E essa fraqueza me custa caro porque, não bastasse toda essa bagunça que a ansiedade me causa, eu sou do tipo que não poupa nada, eu sangro, reconheço e confesso vulnerabilidades. Esses dias uma amiga comentou que prefere entubar as coisas, eu entendo, mostrar que sofre não é bom, mas eu descobri que o que eu não falo, eu acumulo. Não sei digerir em silêncio, eu adoeço se isso acontece e eu odeio ficar doente. Então eu falo, eu exponho o que sinto, o que penso sem medo de parecer ridícula, infantil, dramática, emocionada. Eu sou daquelas que mergulha de cabeça até mesmo em águas turvas porque eu só sei ser inteira, não gosto de metades.

Essa catarse me ajuda de duas formas: a primeira é materializar o que eu sinto e, assim, conseguir entender e me entender; a segunda forma é que eu consigo digerir e pacificar dentro de mim, isto é, o que machucava, o que incomodava e o que impedia deixa de ser um obstáculo e eu consigo fechar a janelinha. Falar é exorcismo, aprendi isso às duras penas na terapia. Falar não é tão simples como parece, falar é revirar coisas que ficaram ali debaixo do tapete das vaidades, do orgulho, vergonha. Vergonha de ser menor por querer, por sentir mais.

Um dia me ensinaram que forte é aquele que não chora, que sabe sair das situações sozinho, é quem aprendeu a ser suficiente. Eu concordo que há força em ser assim, mas eu vejo fraqueza escondida na autossuficiência, fraqueza em saber que pode não levantar quando cair. E aí veste uma armadura, adorna o peito com aço, mas por dentro sente sozinho, porque a hora do travesseiro chega para todos.

A minha fraqueza em demonstrar me prova que por mais que eu caia (e caio mesmo), eu sou capaz de espanar a poeira e continuar a caminhada. Eu percebi que em todas as quedas há uma cicatriz que me impede de voltar e isso só pode ser progresso, né? Uma criança quando queima a mão numa panela quente aprende que nunca mais deve se meter com as panelas do fogão. O cérebro protege, o bom senso alerta, o corpo repele. Os padrões só se repetem em quem não se permite aprender.

Então talvez a minha força esteja na fraqueza, na realidade como me assumo em defeitos e virtudes, em risadas sinceras e lágrimas não engolidas. Ser real, é a força que me ergue todas as vezes e

todas,

todas,

todas.

Vai, agora é a sua vez de falar